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Alexandre Braga

O Olhar do Poeta



O olhar do poeta é bem diferente.

Vê com a alma o que os outros enxergam com os olhos.

Sente com o espírito enquanto os demais o fazem meramente com o tato.

Vê além do natural,

mirando o transcendental.

 

E quando o poeta se casa com uma poetisa?

Sua distinção, certamente, se multiplica,

pois ganha reciprocidade,

tornando a tradução

desnecessária em toda a comunicação.

Marido e esposa veem nas montanhas não apenas montanhas,

mas uma grande muralha natural que os conecta aos céus.

Da mesma forma, veem nas manhãs não o começo do dia, mas a continuação de uma jornada

contínua e por eles guiada,

onde o nascimento é a linha de largada

e a eternidade

a linha de chegada.

Veem no som dos animais a orquestra da fauna

e no farfalhar das folhas

a orquestra da flora.

Veem nesse conjunto a compositora natureza,

dotada pelo Divino de autonomia, encanto e beleza.

E, por fim, veem um ao outro não como homem e mulher,

mas como cavaleiro e donzela,

não para ser resgatada,

mas para ser admirada, amada

e a vida compartilhada.

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