O olhar do poeta é bem diferente.
Vê com a alma o que os outros enxergam com os olhos.
Sente com o espírito enquanto os demais o fazem meramente com o tato.
Vê além do natural,
mirando o transcendental.
E quando o poeta se casa com uma poetisa?
Sua distinção, certamente, se multiplica,
pois ganha reciprocidade,
tornando a tradução
desnecessária em toda a comunicação.
Marido e esposa veem nas montanhas não apenas montanhas,
mas uma grande muralha natural que os conecta aos céus.
Da mesma forma, veem nas manhãs não o começo do dia, mas a continuação de uma jornada
contínua e por eles guiada,
onde o nascimento é a linha de largada
e a eternidade
a linha de chegada.
Veem no som dos animais a orquestra da fauna
e no farfalhar das folhas
a orquestra da flora.
Veem nesse conjunto a compositora natureza,
dotada pelo Divino de autonomia, encanto e beleza.
E, por fim, veem um ao outro não como homem e mulher,
mas como cavaleiro e donzela,
não para ser resgatada,
mas para ser admirada, amada
e a vida compartilhada.
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