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Alexandre Braga

O Caçador de Palavras



Sento-me à escrivaninha.

As palavras não querem sair.

Faço todo tipo de esforço mental,

a qualquer custo,

mas elas sempre fogem de mim.

Se o significado está claro,

não encontro palavras para expressá-lo.

 

No dia seguinte, acordo cedo de manhã.

De repente,

a inspiração vem,

aterrissa sob o tamborilar da chuva,

a doce e necessária melodia

da cena que escrevia,

em que um casal,

por todos admirado,

descobria-se apaixonado

e, sob as juras de eterno amor,

beijavam-se.

 

Minha presa tem seus próprios hábitos,

hábitos que exigem adaptação, além de muito estudo.

Sou um caçador de palavras,

tentando observá-las,

sutilmente,

sem espantá-las,

aguardando sempre o momento certo

para pegá-las.

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