Mãe, afasta essa gente de mim!
Toma deles essa arma
que, sobre minha cabeça, está apontada.
Afasta de mim essa gente
que, de valente,
não tem nada.
Que não sabe argumentar,
nem conversar,
apenas bradar com uma arma.
Dizem-se a voz do povo,
que falam por todos
e você, cuja opinião não cai nesse engodo,
é egoísta por pensar à parte.
Mas que povo é esse, que fica à margem
de seus indivíduos,
esvaziando o coletivo
de sentido,
caindo nesta inevitável abstração?
Só quero paz nessa vida.
Poder assistir meu jogo tranquilo,
e parar com este caos infinito.
“Política e futebol não se discute”, eles dizem.
Eles, que provavelmente nunca tiveram sua vida prejudicada,
sua propriedade violada
numa canetada.
Eles, que parecem presumir que o mesmo ocorre no futebol,
em que seu time perde,
mas sua vida, não.
Nem sua casa, nem seus bens.
Apenas a sua satisfação,
que pode ser temporária.
Hoje seu time perde, amanhã ele ganha. Quem sabe?
Particularmente, não sei de nada.
Só que quero poder construir a minha vida até o fim
e não são vocês que vão tirar isso de mim.
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